Metodologia

    FUNDAMENTOS, OBJETIVOS, METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE EXECUÇÃO DO PROJETO “TRICENTENÁRIO DE CUIABÁ-FAMÍLIAS PIONEIRAS

VERSÃO 19/02/2018

 

1.1 Introdução

Mapear os pioneiros que fizeram o desbravamento do Centro-Oeste brasileiro requer buscar, na historiografia, os principais fatos históricos que motivaram Portugal a organizar e explorar as riquezas do denominado Novo Mundo.

Numa rápida pesquisa na internet pode-se levantar a questão da organização política do Brasil-colônia e as principais motivações que nortearam a migração de povos portugueses e espanhóis com a finalidade de fixar suas fronteiras e extrair de seu patrimônio natural as riquezas que financiaram as monarquias europeias do período colonial.

Narra o Portal Brasil que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, o atual Estado de Mato Grosso, e grande parte do Centro-Oeste e Região Norte, pertencia à Espanha[1]. Dessa perspectiva, a exploração e ocupação dessas imensas áreas, ocorreu através de expedições de desbravadores, aventureiros e da presença de missionários jesuítas espanhóis.

Somente no século XVII, ou seja, pelos idos de 1600, as bandeiras passaram a ocupar os sertões, motivados pela descoberta do ouro, no século XVIII. Com as bandeiras vieram os exploradores do rico metal, base do mercantilismo europeu.

Relativamente História de Cuiabá muito tem sido escrito. Algumas fontes anotam os primeiros sinais de bandeirantes paulistas na região. Situaram na região entre 1673 e 1682, quando o desbravador Manoel de Campos Bicudo esteve no local. Assim, o primeiro povoado foi fundado às margens do Rio Coxipó na localidade, posteriormente, denominada de São Gonçalo[2]. Consta, ainda, que a presença de Pascoal Moreira Cabral ocorreu em 1718. Em busca de indígenas Moreira Cabral subiu pelo Coxipó, onde travou uma batalha, perdida, com os índios coxiponés. Com o ocorrido, voltaram e, no caminho, encontraram ouro, deixando, então, a captura de índios para se dedicar ao garimpo.

Em 1719, Pascoal Moreira foi eleito, em uma eleição direta em plena selva, comandante da região de Cuiabá. Em 8 de abril de 1719, Pascoal assinou a ata da fundação de Cuiabá no local conhecido como Forquilha, às margens do Coxipó, de forma a garantir os direitos pela descoberta à Capitania de São Paulo. A notícia da descoberta se espalhou e a imigração para a região tornou-se intensa.

Em outubro de 1722, índios escravos de Miguel Sutil, também bandeirante sorocabano, descobriram às margens do córrego da Prainha grande quantidade de ouro, maior que a encontrada anteriormente na Forquilha. O afluxo de pessoas tornou-se grande e até a população da Forquilha se mudou para perto desse novo achado. Em 1723, já estava erguida a igreja matriz dedicada ao Senhor Bom Jesus de Cuiabá, onde hoje é a basílica.

Já em 1726, chegou o capitão-general governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, como representante do Reino de Portugal. No 1º de janeiro de 1727, Cuiabá foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá[3].

Em 1748 é criada a capitania de Mato Grosso, com sede em Vila Bela, posteriormente transferida para a vila de Cuiabá. Dois anos depois, a região é incorporada ao Brasil pelo Tratado de Madri.

No século XIX, com o declínio da mineração, o empobrecimento e o isolamento da província são inevitáveis. Alguma atividade agrícola e mercantil de subsistência sobrevive nos campos mais férteis do sul. O único meio de transporte até a capital é o navio, numa viagem pelo rio Paraguai.

Com a República, esse isolamento vai sendo vencido com a ampliação da rede telegráfica pelo marechal Cândido Rondon, a navegação a vapor e a abertura de algumas estradas precárias. Esse avanço em infraestrutura atrai seringueiros, criadores de gado, exploradores de madeira e de erva-mate para a região.

Separação - Como todo o Centro-Oeste, o estado de Mato Grosso beneficia-se da política de interiorização do desenvolvimento dos anos 40 e 50 e da política de integração nacional dos anos 70. A primeira é baseada principalmente na construção de Brasília e a segunda, nos incentivos aos grandes projetos agropecuários e de extrativismo, além dos investimentos em infraestrutura, estradas e hidrelétricas. Com esses recursos, o Estado prospera e atrai dezenas de milhares de migrantes. Sua população salta de 430 mil para 1,6 milhão de habitantes entre 1940 e 1970. O governo federal decreta a divisão do estado em 1977, alegando dificuldade em desenvolver a região diante da grande extensão e diversidade. No norte, menos populoso, mais pobre, sustentado ainda pela agropecuária extensiva e às voltas com graves problemas fundiários, fica Mato Grosso. No sul, mais próspero e mais populoso, é criado o Mato Grosso do Sul.

 

1.2 JUSTIFICATIVA

Celebrar três séculos de fundação de uma cidade histórica comporta vários ângulos e estudos de sua memória. O texto introdutório facilita a identificação do processo de organização política da região que vivenciou as fases colonial, monárquica e a republicana que chega até nossos dias. Ao lado desse critério é relevante observar os diversos ciclos econômicos que se alternam e marcam o crescimento e o desenvolvimento da cidade de Cuiabá, no contexto mato-grossense.

Os ciclos econômicos vão se modificando e, com esses, a migração ganha contornos variados.  O referido processo histórico da economia é assimétrico. Alternam períodos de expansão e retração da atividade econômica, valendo citar as fases da mineração, cana de açúcar, erva-mate, poaia, borracha, pecuária até o momento da grande expansão agrícola, dos anos 70. Diferentes ciclos implicam em necessidades distintas. Ora tem-se o interesse pela mineração e com esta atividade chegam aqueles que conhecem desse ofício. A cana de açúcar, por exemplo, atrai profissionais desse setor, seguindo um fluxo de pessoas com características próprias de um processo migratório inspirado pela economia. Contudo é certo que com a fixação do homem às terras e a agregação de suas famílias, o interesse por suprir ditas demandas sociais irá abrir o leque do processo migratório. Dessa via, toda ordem de profissionais liberais começa a buscar as novas oportunidades nas vilas e cidades.

Assim, celebrar a emancipação política de Cuiabá é reverenciar a memória daqueles que fincaram as suas raízes e trouxeram suas experiências e sonhos em terras longínquas.

 

2.     METODOLOGIA

 

2.1 Balizamento e definições

Abarcar um período tão amplo de pesquisa indica, necessariamente, periodizar o estudo. São mais de três séculos de viva social, se considerarmos que antes da fundação da cidade já havia uma povos indígenas e exploradores percorrendo essas terras. Dentro dessa perspectiva o balizamento ficou assim definido:

·        Período colonial – 1700 a 1822

·        Período monárquico – 1822 – 1889

·        Período republicano – 1889 – até 1977 (Data da divisão territorial do Estado de Mato Grosso)

Como toda nova fronteira o fundamental está no mapeamento do fluxo migratório. Desse ponto de vista é importante fixar o critério de seleção dos dados genealógicos. A premissa maior é a de que homenageando o tronco familiar todos os seus descendentes estarão homenageados e, por consequência, a sociedade cuiabana e seus filhos, antigos e novos, estarão albergados no âmbito do inventário.

Também a expressão pioneirismo”, que qualifica o termo família, daí “Famílias Pioneiras”, deve ser entendida e contextualizada dentro das balizas propostas. Dentro de cada período, em três séculos, houve a migração para a cidade de pessoas que contribuíram para o crescimento e desenvolvimento da cidade. O conceito de pioneirismo deve ser visto em uma perspectiva dinâmica, com as motivações próprias de cada fase da expansão da cidade.

Todos que migram para fincar raízes na cidade devem ser considerados “pioneiros”, já que os estágios são distintos e merecem ser destacados, como a mesma ênfase, daquelas famílias fundadoras. Como dito, o processo é dinâmico.

Dificuldades para esse inventário já foram sentidas. A pesquisa vai buscar as fontes oficiais, como documentos, obras literárias e historiográficas, genealogias e mapas. Contudo, há contribuições sociais que escapam dos registros. Por vezes, o recurso à História Oral será utilizado, uma vez que pessoas sem uma atuação oficial também compõe esse grupo de pioneiros. Nesse particular a sensibilidade da equipe histórica está preparada para tal desafio.

2.2 Levantamento, fontes de pesquisa e técnica de apresentação do Inventário

2.2.1 Fontes escritas:

·        Acervos bibliográficos e documentais públicos e privados.

2.2.2 Levantamento direto com as famílias

·        Um site será disponibilizado para que as famílias cuiabanas possam juntar documentos que identifiquem o período de fixação à cidade de Cuiabá-MT

2.2.3 Forma de apresentação dos troncos familiares mapeados no Inventário

Nome do tronco (Calhao, Joaquim José Rodrigues.) Data de chegada à Cuiabá (1855). Referência consultada (Mendonça, Estevão. Datas Matogrossenses, p. 314, volume I)



[1] Conferir em https://www.portalbrasil.net/estados_mt.htm. Acesso em 11/09/2017

[3] Idem